sexta-feira, 14 de junho de 2013

Os vinhos do Uruguai



O Uruguai tem mais a ser visto do que Punta del Este e seu entorno, o grande destino para a maioria dos brasileiros que visita o país. Mesmo pequeno é acolhedor e, apesar de não ser o melhor produtor entre os sul americanos, seus vinhos não fazem feio.

A capital, Montevidéu, é uma cidade charmosa e tranquila. Possui uma bela orla em frente a
o Rio da La Plata, que mais parece mar. É também segura e mesmo não tendo muitas opções turísticas, os brasileiros podem relaxar, comer um ótimo churrasco, curtir a vida noturna ou visitar as proximidades como Punta. 


Esta postagem é sobre outra viagem da confraria feminina, que mantenho há oito anos e foi realizada em novembro de 2010. Em termos de vinícolas não há nada a ser acrescido e em relação a hospedagem e restaurantes fiz uma pequena pesquisa e vi que continuam atuais. Essa informação foi confirmada por  Daniel Reyes, operador receptivo local, que nos ajudou no planejamento dessa viagem. 


Daniel, dono da agência que leva seu nome, me foi indicado pela diretora da associação dos viticultores uruguaios e nos recebeu muito bem. Vale a pena fechar com ele ao menos as visitas às vinícolas, para ter um tratamento diferenciado. Todas as vinícolas são muito próximas de Montevidéu.

Como essa viagem foi voltada para o mundo do vinho não sobrou muito tempo para visitas turísticas e compras. Se for ao Uruguai com outro propósito, vai adorar fazer compras em Punta, visitar suas badaladas praias, explorar opções de ecoturismo ou jogar nos seus cassinos. 


Fomos em 15 mulheres e pagamos USD 900 por pessoa, incluindo hotel (3 noites), traslados, visitas às vinícolas, assim como almoços e degustações dos vinhos tops nas vinícolas. 


Os jantares na capital Montevidéu foram nos restaurantes Rara Avis e Francis, que reservei diretamente a partir do Brasil,  e os menus de três pratos custaram USD 50, com o serviço e vinhos a parte. Ambos os restaurantes continuam com prestígio entre locais e turistas. Nenhum deles me surpreendeu pela comida, mas fomos muito bem recebidos e as refeições foram prazerosas. O Rara Avis fica em um anexo do Teatro Solis e tem uma decoração bonita, que impressiona.

TAM e Gol fazem voos de 2:35 de duração para MontevidéuA Aerolineas também opera, mas não oferece voos diretos, só com cinco horas de duração, porque faz conexão em Buenos Aires. Para viajar de manhã, os primeiros voos saem, respectivamente, de Guarulhos às 9:25 e às 10:25. A TAM tem ainda mais dois voos diretos de ida, às 12:25 e 21:40.

A volta pela TAM pode ser às 11:45, 13:15 e 17:35. Já pela Gol, às 4:30, 14:10 e 15:58. A duração do voo ajuda quem  não dispõe de muito tempo e quer passar somente um final de semana por lá.

Saímos do Brasil numa quinta feira pela manhã e do aeroporto de Montevidéu fomos diretamente à Vinícola Bouza. Dessa vinícola, seguimos para o  hotel Sheraton, onde nos hospedamos por duas noites. À época era o melhor hotel de Montevidéu, com vista para o Rio de La Plata e ao lado de um shopping center. 




Hoje com absoluta certeza o melhor é o Sofitel Montevideo Casino Carrasco e Spa, cujas instalações datam do início do século XX. Depois de uma reformada primorosa, foi reinaugurado em março de 2013 e hospeda ainda um cassino e restaurante gastronômico 1921. Se você preferir algo mais simples e charmoso, amigos recomendaram o hotel After.


No segundo dia pela manhã, visitamos a vinícola Stagnari, onde fizemos uma degustação personalizada com os seguintes vinhos: "Chardonnay de Virginia", "Tannat Viejo" 2007, que eles citam como o vinho Tannat mais premiado do mundo e campeão do hemisfério sul, seguido do "Daymán" Tannat 2003, que é o primeiro campeão mundial em vinho tinto do Uruguay. Finalizamos com o vinho "Dinastía", segundo campeão mundial em vinho tinto do Uruguai. 


Os vinhos foram acompanhados de queijos e frios. O preço, que no nosso caso estava  incluído no pacote, foi de USD 55. As visitas podem ser feitas em português e se pode comprar vinhos com descontos de 25% em média.



De lá seguimos para a vinícola Juanico, onde almoçamos o que eles denominam de autêntico almoço criollo, consistente em  "chorizos, mollejas bondiolas de cerdo e colitas de cuadril a la parrilla", acompanhados de uma variedade de saladas, sobremesa e serviço de café. 



Acompanhando o almoço, degustamos os vinhos premiums  "Espumoso natural Cuvée Castelar", "Blanco Cosecha Tardía Familia Deicas Botrytis Noble", "Blanco alta gama Preludio Barrel Select", "Tinto Don Pascual de la línea reserva", "Tinto Don Pascual de la línea Colección del Fundador", "Tinto de alta gama Familia Deicas Preludio Barrel Select", "Tinto alta gama Familia Deicas Cru D'Exception", "Tinto fortificado Familia Deicas Licor de Tanta". O programa todo custou USD 95. 



Depois do almoço, pudemos visitar la cava histórica de 1830. Na visitação também estão incluídas a visita aos vinhedos e pela planta de elaboração, que não fizemos em razão do adiantado da hora. 

Para terminar o dia, fizemos uma degustação de vinhos espumantes: Sust Brut Nature 2006 e Xacrat Extra Brut e de sobremesa Vivent de Tannat  2006, vinho Fortificado na vinícola Carrau.

Essa vinícola é uma das mais antigas uruguaias, construída em 1887. Fomos recebidos pela proprietária, Margarita, com uma linda mesa de frutas no jardim da casa colonial que há na propriedade. Para mim foi um programa inesquecível tanto pela beleza do lugar como pela hospitalidade da anfitriã. Ainda provamos o Amat Tannat Gran Reserva 2005, top tinto que é o único vinho uruguaio citado no livro "1001 vinhos para beber antes de morrer".


No terceiro dia seguimos para Punta del Este. A ideia era visitar a vinícola  Vinhedo de Los Ventos no caminho e lá almoçarmos, mas acabamos por mudar o programa e seguimos direto para Punta, onde chegamos por volta das 13:00. Algumas de nós aproveitaram para visitar a cidade e outras preferiram aproveitar a piscina e spa do Hotel Mantra, em La Barra, onde nos hospedamos.


Punta abriga muitos hotéis de ótima qualidade e a nossa escolha se deu pelo Hotel Mantra para ficarmos mais próximas da pequena cidade de  Garzon, onde o prestigiado chefe  Francis Mallmann possui uma pousada e restaurante do mesmo nome, ambos encantadores. O local fica um pouco distante de Punta, mas vale a visita, principalmente se estiver de férias por lá. As sugestões do jantar de despedida no restaurante Garzon agradaram a todas. O menu de três pratos, acompanhadas de espumante e vinhos Don Pachoal,  custou USD 135.00.



Os vinhos uruguaios não têm a mesma excelência dos chilenos e argentinos, mas têm tradição e a uva Tannat tem no Uruguai seu terroir de maior expressão. 

Se você gosta de vinhos ou de viagens que incluam esse tipo de programa, diria que não se arrependerá ao se aventurar pelo Uruguai.